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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

NEYMAR DESABAFA.. E COM RAZÃO






NEYMAR DESABAFA



25/10/12


Tem uma “corrente” de pensamento que rola na mídia e ecoa nos desavisados que diz o seguinte a respeito de Neymar: “O Santos como um time médio financeiramente está pagando caro para ter uma estrela como o Neymar; que já devia ter vendido faz tempo; que o alto salario do Craque cria inveja nos demais jogadores do time, etc etc”. 

Como torcedor do Santos vejo a coisa diferente: 
Primeiro, se algum dos jogadores se acha melindrado com o sucesso financeiro do time, que faça por merecer; ( não precisa driblar como ele faz porque é coisa de DNA, procure ter a mesma mobilidade que tem Neymar, não só passar a bola pra ele ficar com a mão na cintura como se já tivesse cumprido sua missão, pois já que ele ganha R$3milhões, ele que faça o gol); que logo será procurado por alguma empresa publicitária.
Segundo: Diferente de outros times, que logo vendem o jogador que jogue um pouquinho acima da média, o Santos resolveu criar condições financeiras para bancar um Craque do nível Neiymar, e conseguiu! Segundo consta, o astro do Time tem nada menos de 11 Empresas, que garantem seu salário de milionário.

Em troca disso, quando muitos jogadores estão de folga, curtindo com suas famílias; -(e também ganhando excelentes salários em termos de Brasil) -; o Craque, que tantas vezes garantiu o sucesso do Time, está assumindo os compromissos com as várias publicidades que tem de estar presente. Mas, no dia seguinte se tiver jogo podemos ficar tranquilos, ele estará presente!

E depois tem mais: Como é esse negócio de um atacante do SANTOS FUTEBOL CLUBE ir cobrar um escanteio, ajeitar a bola na bandeirinha, arrumar a grama, puxar a meia pra cima, se preparar todo, parar para olhar a área com todo mundo se agarrando e cara sendo enforcado, e quando finalmente cobra o escanteio: O faz rasteiro, nos pés do jogador adversário que está logo na frente de todo mundo, na primeira trave do gol???

Só pra lembrar que nenhum jogador do Santos que joga no time série A ganha menos de R$50.000,00/mês!!...Isso num país de Salário Mínimo de R$660,00/mês, com 08,00horas/dia de trabalho, de segunda a sexta-feira!! Tem muito médio-empresário; dando emprego, pagando impostos em cascata, com, inúmeras preocupações; que sonha em ganhar livre, no final de um mês atribulado, R$50.mil reais.

Por fim, minha recomendação ao time do Santos; (com exceção de uns poucos, entre eles Arouca, Durval, Léo quando é escalado); é a seguinte: “Vão à luta, pessoal”!!

Quanto ao desabafo de Neymar: Falou e tá falado!

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

"MENSALÃO", A COMÉDIA


http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE89L09A20121022?sp=true



BRASÍLIA, 22 Out (Reuters) - O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira por formação de quadrilha na ação penal do mensalão, disse que nunca compôs ou formou quadrilha, e que foi "condenado por ser ministro".

Dirceu, que já havia sido condenado por corrupção ativa, é apontado como mentor e chefe do esquema de compra de apoio parlamentar ao primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Mais uma vez, a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de me condenar, agora por formação de quadrilha, mostra total desconsideração às provas contidas nos autos e que atestam minha inocência. Nunca fiz parte nem chefiei quadrilha", disse Dirceu em texto publicado em seu blog na Internet.

"Sem provas, o que o Ministério Público fez e a maioria do Supremo acatou foi recorrer às atribuições do cargo para me acusar e me condenar como mentor do esquema financeiro. Fui condenado por ser ministro", disse, afirmando que sua condenação se deu "com base em indícios".

A defesa do ex-ministro alegava falta de provas que apontassem o envolvimento do petista no esquema para pedir sua absolvição das duas acusações.

Dirceu, que renunciou ao cargo de ministro na esteira do escândalo, em 2005, lembrou ter lutado pela democracia e ter sido "vítima dos tribunais de exceção", para dizer que "sabe o valor da luta travada para se erguer os pilares da nossa atual democracia".

"Condenar sem provas não cabe em uma democracia soberana", escreveu.

O petista já havia rompido o silêncio após sua condenação por corrupção ativa, e disse que acataria a decisão do Supremo, mas que provaria sua inocência. Na ocasião, disse ter sofrido um "juízo de exceção". Agora, voltou a criticar a condução do julgamento.

"Teorias e decisões que se curvam à sede por condenações, sem garantir a presunção da inocência ou a análise mais rigorosa das provas produzidas pela defesa, violam o Estado Democrático de Direito", disse.

"O que está em jogo são as liberdades e garantias individuais. Temo que as premissas usadas neste julgamento, criando uma nova jurisprudência na Suprema Corte brasileira, sirvam de norte para a condenação de outros réus inocentes país afora", disse.

O ex-presidente do PT José Genoino, que integraria o núcleo político ao lado de Dirceu e do então tesoureiro do partido Delúbio Soares, também foi condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa. Genoino também disse ser inocente após a decisão da Corte.

"Estou indignado com esta condenação cruel. É a sensação de estar numa noite escura, de ser inocente mas estar condenado. Mas a coragem é o que dá sentido à luta pela liberdade", disse o petista em seu site na Internet.

O Supremo inicia na terça-feira a fase da dosimetria, que irá calcular a pena dos condenados. A expectativa é que o julgamento, iniciado em agosto, seja encerrado na quinta-feira.

(Reportagem de Hugo Bachega)
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Estão usando o "mensalão", um termo criado pelo Roberto Jeferson, inimigo do Dirceu e do PT. 

O "mensalão" foi um esquema montado pela equipe do então Presidente Lula, para compor o apoio necessário na Câmara dos Deputados e no Senado. Devemos lembrar que quem ganhou as eleições para o PT foi o Lula. O partido não ganhou nada, já que uns poucos deputados e uns três senadores que se reelegeram, era tudo que o Partido tinha no Governo. 

Ora, acordos políticos-financeiros é o que sempre vigorou na política brasileira, ainda mais sob a presidência nas mãos da direita nativa. 
Considero o "mensalão", mais toda a gritaria midiática e via Internet em pró da ética e contra a roubalheira ou os achaques ao Erário, uma comédia para derrubar o PT no Governo Federal e acabar com a imagem do "Lulismo". 

Já foi falado: "O Erário neste país é terra de ninguém"! A frase é pertinente, em parte. Sim, porque os saques praticados pela parte da politicalha nativa não são feitos por qualquer um, mas sim os escolhidos; a princípio pelo povo; pelo centro do poder. A familiocracia impera neste Brasilzão de dimensões continentais. Antes as oligarquias se locupletavam da mina da ouro inesgotável que é a arrecadação de impostos em cascata através de conchavos entre parentes e filhos das velhas oligarquias, onde os repasses de verbas eram feitos no varejo através dos cheques. Para não falarmos nos abusos sócio-econômicos criminosos praticados em duas décadas de ditadura, onde estudiosos lembram da brutal concentração da terra nas mãos de poucos. 
Hoje temos a Internet, com um clic temos acesso ao mundo, mas principalmente a verbas ilícitas, tudo não passa de números circulando na rede bancária em pró de licitações fraudulentas, aditivos escusos, etc, etc. Volta e meia estoura um escândalo aqui outro acolá, alguns são um pouco investigados, outros são abafados, e por aí vai. 

Agora só se fala em "Ficha Limpa", para políticos que se candidataram nas recentes eleições para o primeiro turno. O que poucos sabem, é que muito político com ficha mais suja que pau de galinheiro, entrou com recurso no Supremo Tribunal Eleitoral, e com esse recurso ele teve o "direito" de se candidatar. Se ganhou, toda a sua ficha já está meio caminho andado para a "límpida transparência". 

E "vamo q vamo" em Terras de Maracangalha, onde tudo é festa...para os 10% da população no pico da pirâmide social. 

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domingo, 21 de outubro de 2012

VEJAM AS FOTOS DE UM OUTRO BRASIL E DE COMO VIVEM SEU POVO NATIVO


http://blog.dianaserra.com.br/genocidio-contra-indios-guarani-kaiowa-em-mato-grosso/


Pois é; além do país da índole pacífica e cordial para com turistas; além do país da 6ª Economia no mundo e de IDH em 60º lugar; além do Brasil da Copa do Mundo Rio 2014 e das Olimpíadas 2016; além do país das novelas; além do país dos artistas de televisão; além do país da periculosidade urbana onde parte da nossa juventude não chega viva aos 25 anos:

AINDA TEMOS O PAÍS DAS OLIGARQUIAS RURAIS, DO MEGA-AGRONEGÓCIO E DOS CRIMES COMETIDOS CONTRA OS MAIS INDEFESOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: OS ÍNDIOS. (E isso porque na TV Senado sempre tem as Comissões dos Direitos Humanos com seus ilustres convidados e vastas arengas doutamente pronunciadas)!!??

VEJAM AS FOTOS NO LINK ACIMA.

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sábado, 20 de outubro de 2012

Líbano: Atentado mata alta patente dos serviços secretos | euronews, mundo

Líbano: Atentado mata alta patente dos serviços secretos | euronews, mundo

Me recuso a acreditar que tamanho atentado; que destruiu pelo menos uns quatro prédios, que matou umas 8 pessoas, feriu mais de 70; tenha sido motivado só para atingir uma autoridade do serviço secreto do Líbano???...A insanidade humana envergonha a irracionalidade dos animais. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Rum Bar Shorts & Heels@Rae Town




"DANCE HALL" nas periferias de Jamaica...Muito parecido com o "FUNK" carioca, mas com uma batida anárquica, com uma  cadência meio bagunçada. 

O apelo ao erotismo é muito forte em em repetitivas perfomances do homem com a mulher. 

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UE aperta o cerco à economia iraniana | euronews, mundo

UE aperta o cerco à economia iraniana | euronews, mundo

Nessa disputa de "disse que disse" entre Irã e EEUU, exacerbada pela mídia internacional, como ficará o (povo iraniano) diante da grave ameaça da Comunidade Européia :" As medidas visam o comércio e a banca, os transportes e a energia. Em paralelo vamos reforçar o controlo para evitar que algumas destas medidas possam ser contornadas”. - 


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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Depoimento da professora Amanda Gurgel do RN que criticou deputados, sec...



Lembra dessa Professora que estourou no Youtube com severas e justas críticas a remuneração dos professores em Natal - RN??

Pois é, agora a Professora "Amanda Gurgel" conseguiu se eleger como vereadora em Natal: " Ela alcançou projeção nacional em maio do ano passado, quando foi publicado no You Tube um vídeo em que criticava a situação dos professores no país. Conquistou assim o status de celebridade da internet em razão de um depoimento dado em audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Até hoje, o vídeo já foi visualizado 2,2 milhões de vezes.
Em junho de 2011, esteve em Brasília para acompanhar uma sessão da Comissão de Educação da Câmara. Na época, disse que não tinha tempo para pensar se aproveitaria o status alcançado com o desabafo gravado na câmara local. Porém, já vinha viajando com o presidente nacional do PSTU, Zé Maria, participando de movimento de professores...Um ano depois, decidiu se candidatar a uma vaga na Câmara Municipal de Natal pelo PSTU. Deu certo. Amanda obteve uma votação acachapante pela coligação Frente Ampla de Esquerda. Até agora, com 99,45% dos votos apurados, ela teve o apoio de 32.716 eleitores (8,61% dos votos válidos). Seu desempenho foi ainda maior do que o simulado em pesquisas de opinião, que projetavam 25 mil votos para a socialista." 
Pois é, quanto a licenciatura em "Pedagogia, com Mestrado", parece que ela não vai mais precisar de aturar os pupilos em classe de aula, nem terá mais de brigar por um "cuscuz alegado". 
Só resta aos alunos e a Escola que perdeu uma boa professora, esperar que como Vereadora tenha mais ânimo e poder para tentar amenizar o triste panorama exposto em seu contundente depoimento. 
Pessoalmente não sei para que serve um Vereador além de trocar nome de rua, dar nome a praças e conceder títulos de "Cidadão Honorário" a determinados proeminentes da região em que se elegeu. 
Aqui em "Sampa", locomotiva financeira do país, nossos vereadores possuem até um "servidor" da "Casa" encarregado de apertar o "botão de presença" de qualquer vereador que por "motivos de força maior", não pode comparecer a Cãmara. 
Nem ouso imaginar como será a Câmara de Vereadores de Natal. 

Nem tão pouco ouso aqui criticar a opção da Ex-Professora pela política, mas não posso deixar de sentir um pouco de decepção quando: "Na época, disse que não tinha tempo para pensar se aproveitaria o status alcançado com o desabafo gravado na câmara local."...De repente me lembro Caetano Veloso em uma de suas antigas músicas: "...Cria fama e deita-te na cama...". 
Enfim, me dispenso até de desejar boa sorte a famosa Professora, até porque, para a Vereadora Amanda Gurgel, se melhorar estraga...rsrs. 
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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Entrevista com "Eric Hobsbawm






"ERIC HOBSBAWM" FALECEU, AOS 95 ANOS.


02/10/12

Eric John Earnest Hobsbawm (Alexandria, 9 de Junho de 1917 - Londres, 1 de outubro de 2012 – 95 anos) foi um historiador marxista reconhecido internacionalmente.

Nasceu no Egito ainda sob o domínio britânico, e tem, por isso, nacionalidade britânica. Hobsbawm, que teve seu sobrenome alterado por erro de escrituração, é filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grün, austríaca, ambos judeus. Tem uma irmã chamada Nancy. Passou os primeiros anos de sua vida em Viena e Berlim. Nessa época, tanto a Áustria quanto a Alemanha sofriam com a crise econômica e a convulsão social, conseqüências diretas da Primeira Guerra Mundial.

Seu pai morreu em 1929, e sua mãe, em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna Gretl e seu tio paterno Sydney, que se casaram e tiveram um filho chamado Peter. Mudaram-se para Londres em 1933.

Hobsbawm casou-se duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943 (divorciou-se em 1951) e logo com Marlene Schwarz. Com esta última teve dois filhos, Julia e Andy, e um filho chamado Joshua de uma relação anterior.

Faleceu em 1 de Outubro de 2012, no hospital Royal free de Londres, de pneumonia.
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Entrevista com Eric Hobsbawm concedida ao jornal 'O Estado de São Paulo" em 2008:

Eric Hobsbawm é um historiador merecedor de todo o respeito. Num tempo em que a atividade central da grande maioria dos historiadores burgueses consiste na reescrita da história de acordo com as conveniências da ideologia dominante, a sua fidelidade à matriz marxista na investigação e no método serve de exemplo, independentemente das discordâncias que este ou aquele aspecto da sua obra suscitem.

Discordâncias que ele próprio assume frontalmente: “O que busco é o entendimento da história, e não concordância, aprovação ou comiseração”. Esta interessante entrevista é um exemplo da importância da reflexão de alguém que conta 94 anos, ou seja, de alguém que nasceu no ano da grande revolução socialista de outubro.

Estadão: No livro Globalização, Democracia e Terrorismo, de 2007, o senhor passa para os leitores certo pessimismo ao lhes colocar uma perspectiva crucial e ao mesmo tempo desconfortante: ''Não sabemos para onde estamos indo'', diz, referindo-se aos rumos mundiais. Olhando as últimas décadas pelo retrovisor da história, esse sentimento parece ter se intensificado. Em que outros momentos a humanidade viveu períodos marcados por essa mesma sensação de falta de rumos?

Eric Hobsbawm: Embora existam diferenças entre os países, e também entre as gerações, sobre a percepção do futuro – por exemplo, hoje há visões mais otimistas na China ou no Brasil do que em países da União Europeia e nos Estados Unidos –, ainda assim acredito que, ao pensar seriamente na situação mundial, muita gente experimente esse pessimismo ao qual você se refere. Porque de fato atravessamos um tempo de rápidas transformações e não sabemos para onde estamos indo, mas isso não constitui um elemento novo em tempos críticos. Tempos que nos remetem ao mundo em ruínas depois de 1914, ou mesmo a vários lugares daquela Europa entre duas grandes guerras ou na expectativa de uma terceira.

Aqueles anos durante e após a 2ª Guerra foram catastróficos, ali ninguém poderia prever que formato o futuro teria ou mesmo se haveria algum futuro. Cruzamos também os anos da Guerra Fria, sempre assustadores pela possibilidade de uma guerra nuclear. E, mais recentemente, notamos a mesma sensação de desorientação ao vermos como os Estados Unidos mergulharam numa crise econômica que até parece ser o breakdown –(falência)- do capitalismo liberal.

Estadão: Nações saíram empobrecidas, arruinadas mesmo, das guerras mundiais, mas é adequado pensar que havia naqueles escombros o desenho de um futuro?

Eric Hobsbawm: Sim. Se de um lado o futuro nos era desconhecido e cada vez mais inesperado, havia por outro lado uma ideia mais nítida sobre as opções que se apresentavam. No entre guerras, a escolha principal de um modelo se dava entre o capitalismo reformado e o socialismo com forte planejamento econômico – supremacia de mercado sem controle era algo impensável. Havia ainda a opção entre uma democracia liberal, o fascismo ultranacionalista e o comunismo.

Depois de 1945, o mundo claramente se dividiu numa zona de democracia liberal e bem-estar social a partir de um capitalismo reformado, sob a égide dos EUA, e uma zona sob orientação comunista. E havia também uma zona de emancipação de colônias, que era algo indefinido e preocupante. Mas veja que os países poderiam encontrar modelos de desenvolvimento importados do Ocidente, do Leste e até mesmo resultante da combinação dos dois. Hoje esses marcos sinalizadores desapareceram e os "pilotos" que guiariam nossos destinos, também.



Estadão: Como o senhor avalia o poder das imagens de destruição nos ataques do 11/9 a Nova York, tão repetidas nos últimos dias? Tornaram-se o símbolo de uma guinada histórica, apontando novas relações entre Ocidente e Oriente? Por que imagens do cenário de morte de Bin Laden surtiram menos impacto?

Eric Hobsbawm: A queda das torres do World Trade Center foi certamente a mais abrangente experiência de catástrofe que se tem na história, inclusive por ter sido acompanhada em cada aparelho de televisão, nos dois hemisférios do planeta. Nunca houve algo assim. E sendo imagens tão dramáticas, não surpreende que ainda causem forte impressão e tenham se convertido em ícones.

Agora, elas representam uma guinada histórica? Não tenho dúvida de que os Estados Unidos tratam o 11/9 dessa forma, como um turning point, - (ponto de virada) - mas não vejo as coisas desse modo. A não ser pelo fato de que o ataque deu ao governo norte-americano a ocasião perfeita para o país demonstrar sua supremacia militar ao mundo. E com sucesso bastante discutível, diga-se. Já o retrato de Bin Laden morto (que não foi divulgado) talvez fosse uma imagem menos icônica para nós, mas poderia se converter num ícone para o mundo islâmico. Da maneira deles, porque não é costume nesse mundo dar tanta importância a imagens, diferentemente do que fazemos no Ocidente, com nossas camisetas estampando o rosto de Che Guevara.

Estadão: Mas além da chance de demonstrar poderio militar, os Estados Unidos deram uma guinada na sua política externa a partir de 2001, ajustando o foco naquilo que George W. Bush batizou como "war on terror" – (guerra ao terrorismo). Outro encaminhamento seria possível?

Eric Hobsbawm: Eu diria que a política externa norte-americana, depois de 2001, foi parcialmente orientada para a guerra ao terror, e fundamentalmente orientada pela certeza de que o 11/9 trouxe para os EUA a primeira grande oportunidade, depois do colapso soviético, de estabelecer uma supremacia global, combinando poder político-econômico e poder militar.

Criou-se a situação propícia para espalhar e reforçar bases militares americanas na Ásia central, ainda uma região muito ligada à Rússia. Sob esse aspecto, houve uma confluência de objetivos – combate-se o inimigo ampliando enormemente a presença militar norte-americana. Mas, sob outro aspecto, esses objetivos conflitaram. A guerra no Iraque, que no fundo nada tinha a ver com a Al-Qaida, consumiu atenção e uma enormidade de recursos dos EUA, e ainda permitiu à organização liderada por Bin Laden criar bases não só no Iraque, mas no Paquistão e extensões pelo Oriente Médio.

Estadão: Os Estados Unidos lançaram-se nessa campanha sabendo o tamanho do inimigo?

Eric Hobsbawm: O perigo do terrorismo islâmico ficou exagerado, a meu ver. Ele matou milhares de pessoas, é certo, mas o risco para a vida e a sobrevivência da humanidade que ele possa representar é muito menor do que o que se estima. Exemplo disso são as importantes mudanças que ocorreram neste ano no mundo árabe, mudanças que nada devem ao terrorismo islâmico. E não só: elas o deixaram à margem.

Agora, o mais duradouro efeito da war on terror, aliás, uma expressão que os diplomatas norte-americanos finalmente estão abandonando, terá sido permitir que os Estados Unidos revivessem a prática da tortura, bem como permitir que os cidadãos fossem alvo de vigilância oficial. Isso, claro, sem falar das medidas que fazem com que a vida das pessoas fique mais desconfortável, como ao viajar de avião.

Estadão: Diante dos problemas econômicos que hoje afligem os Estados Unidos, ainda sem um horizonte de recuperação à vista, o senhor diria que seguimos em direção a um tempo de declínio da hegemonia norte-americana?

Eric Hobsbawm: Nós de fato caminhamos em direção à Era do Declínio Americano. As guerras dos últimos dez anos demonstram como vem falhando a tentativa norte-americana de consolidar sua solitária hegemonia mundial. Isso porque o mundo hoje é politicamente pluralista, e não monopolista. Junto com toda a região que alavancou a industrialização na passagem do século 19 para o século 20, hoje a América assiste à mudança do centro de gravidade econômica do Atlântico Norte para o Leste e o Sul.

Enquanto o Ocidente vive sua maior crise desde os anos 1930, a economia global ainda assim continua a crescer, empurrada pela China e também pelos outros Brics. Ainda assim, não devemos subestimar os Estados Unidos. Qualquer que venha a ser a configuração do mundo no futuro, eles ainda se manterão como um grande país e não apenas porque são a terceira população do planeta. Ainda vão desfrutar, por um bom tempo, da notável acumulação científica que conseguiram fazer, além de todo o soft power global representado por sua indústria cultural, seus filmes, sua música, etc.

Estadão: Não só por desdobramentos político-militares do 11/9, mas também pela emergência de novos atores no mundo globalizado, criam-se situações bem desafiadoras. Por exemplo, o que o Ocidente sabe do Islã? E dos países árabes que hoje se levantam contra seus regimes? Qual é o grau de entendimento da China? Enfim, o Ocidente enfrenta dificuldades decorrentes de uma certa superioridade cultural ou arrogância histórica?

Eric Hobsbawm: Ao longo de toda uma era de dominação, o Ocidente não só assumiu que seus triunfos são maiores do que os de qualquer outra civilização, e que suas conquistas são superiores, como também que não haveria outro caminho a seguir. Portanto, ao Ocidente restaria unicamente ser imitado. Quando aconteciam falhas nesse processo de imitação, isso só reforçava nosso senso de superioridade cultural e arrogância histórica.

Assim, países consolidados em termos territoriais e políticos, monopolizando autoridade e poder, olharam de cima para baixo para países que aparentemente estavam falhando na busca de uma organização nas mesmas linhas. Países com instituições democráticas liberais também olharam de cima para baixo para países que não as tinham. Políticos do Ocidente passaram a pensar democracia como uma espécie de contabilidade de cidadãos em termos de maiorias e minorias, negando inclusive a essência histórica da democracia.

E os colonizadores europeus também se acharam no direito de olhar populações locais de cima para baixo, subjugando-as ou até erradicando-as, mesmo quando viam que aqueles modos de vida originais eram muito mais adequados ao meio ambiente das colônias do que os modos de vida trazidos de fora. Tudo isso fez com que o Ocidente realmente desenvolvesse essa dificuldade de entender e apreciar avanços que não fossem os próprios.

Estadão: Essa superioridade do Ocidente pode mudar com a emergência de uma potência como a China?

Eric Hobsbawm: Mas mesmo a China, que no passado remoto era tida como uma civilização superior, foi subestimada por longo tempo. Só depois da 2ª Guerra é que seus avanços em ciência e tecnologia começaram a ser reconhecidos. E só recentemente historiadores têm levantado as extraordinárias contribuições chinesas até o século 19.

Veja bem, ainda não sabemos em que medida a cultura, a língua e mesmo as práticas espirituais da Pérsia, hoje Irã, enfim, em que medida aquele fraco e frequentemente conquistado império influenciou uma grande parte da Ásia, do Império Otomano até as fronteiras da China. Sabemos? Temos grande dificuldade em compreender a natureza das sociedades nômades, bem como sua interação com sociedades agrícolas assentadas, e hoje a falta dessa compreensão torna quase impossível traduzir o que se passa em vastas áreas da África e da região do Saara, por exemplo, no Sudão e na Somália.

A política internacional fica completamente perdida quando confrontada por sociedades que rejeitam qualquer tipo de estado territorial ou poder superior ao do clã ou da tribo, como no Afeganistão e nas terras altas do sudoeste asiático. Hoje achamos que já sabemos muito sobre o Islã, sem nem sequer nos darmos conta de que o radicalismo xiita dos aiatolás iranianos e o sonho de restauração do califado por grupos sunitas não são expressões de um Islã tradicional, mas adaptações modernistas, processadas o longo século 20, de uma religião prismática e adaptável.

Estadão: Com todos esses exemplos de ''mundos'' que se estranham, o senhor diria que a história corre o risco das distorções?

Eric Hobsbawn: Apesar de todos esses exemplos, sou forçado a admitir que a arrogância histórica ocidental inevitavelmente se enfraquece, exceto em alguns países, entre eles os EUA, cujo senso de identidade coletiva ainda consiste na crença de sua própria superioridade. Nos últimos dez anos, a história tomou outro curso, muito afetada pelas imigrações internacionais que permitem a mulheres e homens de outras culturas virem para os "nossos" países.

Dou um exemplo: hoje a informação municipal na região de Londres onde vivo está disponível não apenas em inglês, mas em albanês, chinês, somali e urdu. A questão preocupante é que, como reação a tudo isso, surge também uma xenofobia de caráter populista, que se propaga até nas camadas mais educadas da população. Mas, inegavelmente, numa cidade como Londres ou Nova York, onde a presença dos imigrantes de várias partes é forte, existe hoje um reconhecimento maior da diversidade do mundo do que se tinha no passado.

Turistas que buscam destinos na Ásia, África ou até mesmo no Caribe costumam não entender a natureza das sociedades que cercam seus hotéis, mas jovens mulheres e homens que hoje viajam, a trabalho ou estudos, para esses lugares, já criam outra compreensão. Em resumo, apesar da expansão de xenofobia, há motivos para otimismo porque a compreensão abrangente do nosso tempo complexo requer mais do que conhecimento ou admiração por outras culturas. Requer conhecimento, estudo e, não menos importante, imaginação.

Estadão: Imaginação?

Eric Hobsbawm: Sim, porque essa compreensão abrangente é frequentemente dificultada pelo persistente hábito de políticos e generais passarem por cima do passado. O Afeganistão é um clamoroso exemplo do que estou dizendo. Temo que não seja o único.

Estadão: Na sua opinião, estaríamos atravessando um momento regressivo da humanidade quando fundamentalismos religiosos impõem visões de mundo e modos de vida?

Eric Hobsbawm: O que vem a ser um momento regressivo? Esta é a pergunta que faço. Não acredito que nossa civilização esteja encarando séculos de regressão como ocorreu na Europa Ocidental depois da queda do Império Romano. Por outro lado, devemos abandonar a antiga crença de que o progresso moral e político seja tão inevitável quanto o progresso científico, técnico e material. Essa crença tinha alguma base no século 19.

Hoje o problema real que se coloca, o maior deles, é que o poder do progresso material e tecnocientífico, baseado em crescente e acelerado crescimento econômico, num sistema capitalista sem controle, gera uma crise global de meio ambiente que coloca a humanidade em risco. E, à falta de uma entidade internacional efetiva no plano da tomada de decisão, nem o conhecimento consolidado do que fazer, nem o desejo político de governos nacionais de fazer alguma coisa estão presentes.

Esse vazio decisório e de ação pode, sim, levar o nosso século para um momento regressivo. E certamente isso tem a ver com aquele "sentido de desorientação" que discutimos no início da entrevista.

Estadão: Apoiado na sua longa trajetória acadêmica, que conselhos o senhor daria aos jovens historiadores de hoje?

Eric Hobsbawn: Hoje pesquisar e escrever a história são atividades fundamentais, e a missão mais importante dos historiadores é combater mitos ideológicos, boa parte deles de feitio nacionalista e religioso. Combater mitos para substituí-los justamente por história, com o apoio e o estímulo de muitos governos, inclusive. Se eu fosse jovem o suficiente, gostaria de participar de um excitante projeto interdisciplinar que recorresse à moderna arqueologia e às técnicas de DNA para compor uma história global do desenvolvimento humano, desde quando os primeiros Homo sapiens tenham aparecido na África oriental e como elas se espalharam pelo globo.

Agora, se eu fosse um jovem historiador latino-americano, daí eu poderia ser tentado a investigar o impacto do meu continente sobre o resto do mundo. Isso, desde 1492, na era dos descobrimentos, passando pela contribuição material desse continente a tantos países, com metais preciosos, alimentos e remédios, até o efeito da América Latina sobre a cultura moderna e a compreensão do mundo, influenciando intelectuais como Montaigne, Humboldt, Darwin. E, evidentemente, eu pesquisaria a riqueza musical do continente, fosse eu um latino-americano. Isso é tudo o que eu quero dizer.

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A entrevista é muito interessante, prncipalmente por ter sido dada por um historiados de descendência judia. Corajosa em certos momentos.
Contudo, foi deveras conveniente ao entrevistado, não ter-se tocado na questão Israel x Palestina.
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