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MERITOCRACIA OU UM ENGÔDO DA "FAMILIOCRACIA"?
15/10/10
Nesses dias de Eleições estamos ouvindo um argumento da Oposição, sobre a tal Meritocracia x Nepotismo. Tudo bem.
Segundo a primeira “teoria”, só teriam acessos aos cargos ligados direto aos Governos, aqueles candidatos que tivessem de fato um mínimo razoável de conhecimento do cargo que pleiteia.
Já na segunda teoria, funcionaria o velho e conhecido esquema das velhas
oligarquias nativas, seus currais eleitorais, suas indicações familiares, parentes
e amigos de parentes, etc, independente da capacidade para ocupar os cargos,
etc.
A primeira vista, a “meritocracia” parece ser uma alternativa justa e razoável.
Porém, precisamos antever que num país de dimensão continental, como
o Brasil, com 190milhões de habitantes, com as disparidades sócio-
econômicas que nos caracterizam, com cidades com nível de primeiro mundo
e municípios e aldeias longinquas, beirando a pobreza da Idade Média; com
diferenças (brutais!) de acesso a uma boa Educação Cultural; fica melindroso,
no mínimo, o tal argumento da “meritocracia”.
Ora, com a desculpa de pessoas “gabaritadas” para os cargos públicos, o que pode muito provavelmente acontecer nas regiões mais isoladas e pobres do país onde já existe o famigerado “curral eleitoral”, é a perpetuação do poder e dos acessos as verbas públicas via governo federal, pelas poucas famílias da oligarquia local.
Não são atoas as batalhas eleitorais nos interiores do país, em regiões mais isoladas, onde por vezes, rixas fatais pautam a obtenção de um cargo de prefeito de determinado município.
É preciso não confundir “meritocracia” com exclusão social da grande
maioria que não tem ainda, o devido acesso universal a uma Educação
Cultural de qualidade, ao contrário, está sendo vítima de um “estelionato
cultural” denunciado por estudiosos de respeito sobre o assunto;
mantendo os pobres no limbo da marginalização política-social, impotentes de
uma maior consciência e poder reinvidicatório das necessidades da
comunidade.
E depois, o Diploma de uma boa Faculdade não é em absoluto o endosso de
um bom caráter, nem quer dizer que o diplomado vá ser um bom político para
o povo da sua região. Via de regra, o que acontece é o candidato com invejoso
currículo acadêmico, oriundo e vivendo em circunstancias elitistas, desprezar
a população pobre e ignorante a qual “jurou” servir.
Não estou aqui desprezando o conhecimento acadêmico, nem apoiando o
candidato acusado de ser analfabeto e seu bordão: “Pior que ta não fica”, mas atentando para o fato de que um “papel com letras góticas” emoldurado, pendurado na parede de um luxuoso gabinete, não atesta que seu titular tenha os “dons”
necessários a um bom político, preocupado com as condições sócio-culturais
do seu eleitorado. Mais uma vez a regra tem se verificado.
Aliás, nestas eleições que ainda ocorrem, tivemos candidatos ao cargo de
Deputado Federal, com declarações de patrimônio na Receita Federal,
superior a R$700Milhões(!), e não vi ninguém na mídia levantar a singela
pergunta: “O que um candidato a Dp. Federal, com um patrimônio de tal cifra,
quer na Assembléia Legislativa”?
O desejo de servir a nação e ao povo do seu Estado, ou garantir e aumentar
sua fortuna, servir a acionistas e até mesmo a interesses estrangeiros nem
sempre bem vindos aos interesses do país?
Sou um otimista, mas um tanto cético quanto as virtudes humanas e salvo
raras exceções, tenho tido vários exemplos para assim ser.
Considero muita ingenuidade, alguém acreditar que um empresário, com
diplomas na parede do seu escritório, um patrimônio de R$1 ou 2Bilhões, vá
querer ser um Deputado movido por uma consciência política de servir aos anseios da
maioria da população.
O sistema político-econômico vigente e a grande maioria excluída das
riquezas geradas no país, não permite tal ingenuidade.
(O exposto acima é a opinião deste blogueiro, sem o diploma de Faculdade,
mas um atento autodidata face a realidade do seu país).
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