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Hoje saiu no “El País”um fragmento do pensamento do assassino "Jarede Lee Loughner”, onde mostra o que se passou na cabeça do cara antes de auto-ativar como gatilho de uma chacina, ou o que ele alegou após seu ato criminoso:
“Os E.U. estão sendo castigados por permitir o aborto e o casamento entre gays entre outras coisas...O reverendo deve conduzir seus fiéis iluminados...em sua grande maioria e suas famílias até aos funerais dos soldados caídos mortos no Iraque e no Afeganistão, para manifestar que suas mortes são produtos do enfado de Deus por contrariarem suas leis”.
Pode um norte-americano anglo-saxão, 22 anos, de boa aparência, forte, aparentemente saudável, natural de um país que, ao menos em propaganda, proporciona tudo que um ser humano pode desejar na civilização ocidental cristã capitalista, vir com uma conversa dessa, após ter descarregado uma Glok 9mm, em meio a uma reunião de uma congressista com cidadãos da cidade, num espaço aberto em um estacionamento de um supermercado, matando 6 pessoas, ferindo 14??
Logrado meus 62 anos de existência, desde os meus saudosos 20 anos, final dos anos 60,que já ouvia sobre a existência de comunidades gays nos E.U.
Agora vem um jovem de 22 anos, natural da Meca da civilização liberal, dizer que seu ato foi contra a permissão do casamento gay no país??
A mídia e as autoridades norte-americanas, bem como os ecos midiáticos mundo a fora, não estão errados ao dar maior ênfase ao desvio mental do “Jarede Lee Loughner”. Porém, ainda que jamais justifique a chacina ocorrida, existe um componente político-social-econômico, que está sendo escamoteado nos noticiários e análises até agora. Cito aqui na condição de mero internauta, uma comparação interessante quanto recente:
Há coisa de uma semana atrás, um jovem tunisiano, técnico em computação com formação universitária, desempregado, ateou fogo ao próprio corpo em frente à Prefeitura da pequena cidade em que morava, gritando contra a carestia, a falta de emprego e protestando por ter tido apreendido a carroça com legumes e frutas que tentava vender nas ruas, afim de colaborar com a modesta renda familiar. Morreu no hospital. Foi o estopim de uma série de violentos protestos por várias partes da Tunísia tendo se alastrado com contundência pelas cidades limítrofes da vizinha Argélia.
A Tunísia atravessa uma forte alta de preços nos alimentos e uma fechada censura aos meios de comunicação, tendo sido presos até dois blogueiros que relatavam em seus blogs o que acontecia nas ruas e sobre à auto-imolação do jovem “Mohamed Bouazizi”.
Ora, acontece que num dos vídeos atribuídos ao assassino da chacina de Tucson, ele está numa área descampada, com baixa vegetação, vestido de saco preto de lixo da cintura pra baixo, com um agasalho surrado, capuz cobrindo a cabeça e uma máscara no rosto, junto a uma bandeira dos E.U. rota, rasgada, na qual ele toca fogo. Está patente na sua aparência de indigente, um protesto de caráter político-sócio-econômico. Aliás, em outro vídeo o “Jarede” falava em não pagar dívida em uma moeda que não estava lastreada em ouro ou em platina. O vídeo consta no Youtube. Portanto, se existiu um surto de demência, não podemos esquecer que também existiu um componente motivador econômico-social nos vídeos-desabafos do perturbado ‘Jarede”; talvez escondendo a raiva de um jovem-norte-americano de modesto currículo cultural x concorrência da mão de obra barata mexicana, com o placar a favor dos mexicanos em especial no conturbado Arizona em face de problemas imigratórios.
Aliás, o “El País” trousse um interessante diálogo com um enfermeiro mexicano que coloco a seguir:
“E diz o enfermeiro "Robin Acevedo" na porta do Hospital onde cestá a congressista Giffords; filho de pai e mãe mexicanos, nascido a 30 anos nos E.U. mas ainda sem documentos (??):" Levaremos tempo para nos recuperarmos...Temos vivido os últimos meses com muita tensão".
O enfermeiro se referia a promulgação da lei da governadora republicana "Jan Brewer" que fala em: " Declarar suspeito por sua aparencia qualquer indivíduo que não tenha residencia fixa no Estado". E dice:"Vivemos com medo".
Voltando a se referir ao acontecimento: "Jamais pensamos que algo assim pudesse acontecer". E se apressou em esclarecer que o tiroteio nada teve a ver com problemas de imigração. Mas já estava dito.
Palavras que se somaram a outras que se somarão a mais outras, que teem criado um clima de violência verbal e mergulhado o país num debate político cujas as consequências ainda estão por vir”. ( no post abaixo do El País).
Enfim, pretendi fazer um paralelo de dois protestos (distintos um do outro), contundentes, contra a política de governos de dois países distintos:
Um atentou contra a própria vida e acabou morrendo, auto-imolação. Outro, de outra índole, se deixou levar pela demência e praticou uma chacina de cidadãos do próprio país como sacrifício de sua loucura e está preso; com grande probabilidade de prisão perpétua ou condenação a morte.
Ambos eram jovens, 24 e 22 anos.
Os governos do mundo precisam ver direito, com mais carinho e dedicação para as hordas de jovens que chegam a idade adulta todos os dias, cheios de sonhos, ambições, desejos e sede de acontecer.
E vamos rezar para que tais protestos não mais aconteçam, mas...sei não.
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