SELEÇÃO BRASILEIRA X CATARSE NÃO REALIZADA
10/07/11
Comportamento da mídia
De uma forma geral podemos dizer que um jovem jogador de futebol num país pequeno e desenvolvido da Europa encara o futebol com menos dedicação do que um jovem jogador de um continente ainda em desenvolvimento. O primeiro, tem bons estudos, razoável nível social, de forma que se não lhe interessar enfrentar os “ossos do ofício” do esporte que conquistou o planeta, ele simplesmente vai buscar outra forma de se realizar existencialmente, ainda que saiba que não ganhará tanto.
Já um jogador de um continente como a América Latina, com uma brutal concentração de riqueza na mão de oligarquias seculares, com vergonhosas mazelas sociais, o futebol se transforma para muitos na única possibilidade de mobilidade social. E aos mais habilidosos lhes são dados o status de verdadeiros príncipes e ganham o peso em ouro para fazerem a catarse da impotência existencial de milhões de torcedores.
Costumo dizer que se um técnico europeu manda um jovem jogador correr 500 metros ele o faz pela metade e o técnico aceita.
Já se um técnico exige o mesmo de um jovem jogador latino americano, ele corre do dobro do pedido afim de não deixar dúvida de sua potencialidade.
São duas posturas diferentes: A primeira é a de um jovem universitário que está tentando ser um bom jogador; a segunda é a da redenção de um condenado das favelas que tenta se livrar de uma vida indigna.
O futebol é um espetáculo de contenda esportiva entre dois times. Um espetáculo cujo enredo é sempre o mesmo, ambos os times buscam a vitória sobre o adversário. O desempenho de cada jogador é exacerbado pela mídia esportiva na mesma medida em que é cobrado quando não satisfaz os anseios ilusórios do torcedor, dele ser também um vencedor. Ao menos como torcedor do seu time de coração.
Para os torcedores do time vencedor a catarse foi feita, já para o time perdedor restou o descontentamento, a catarse não realizada. Via de regra, a culpa é do juíz, figura hora incômoda e injusta, hora salvadora e justa.
No caso dos grandes campeonatos internacionais, UEFA, Copa da América, etc, a catarse deixa de ser do time x time para entrar no abstrato; (não atoa muitos torcedores fanáticos por seus times, pouco ligam para Copa do Mundo); campo da pátria. É país x país. E aí, as exigências se multiplicam em número, qualidade e histerismo.
Toda essa extensa introdução foi só pra falar da mídia brasileira x Seleção.
Desnessário dizer que a apreciação da mídia em relação a Seleção inclui um forte componente político, uma vez que sabem do poder do futebol sobre o povo em geral. É sabido que a mídia paulistana psdebista, é francamente anti-governo federal, principalmente por vir do Partido dos Trabalhadores – PT.
O absurdo da exigência contra a Seleção brasileira fez um radialista paulista vibrar como um histérico no gol da virada parcial da seleção Venezuelana sobre o Brasil. O jogo terminou empatado em 2 x 2 para frustração do radialista. Senilidade exclerosada.
Apesar dos jornalista e afins da mídia paulista, salvo as raras exceções de sempre, saberem das dificuldades que estão enfrentando os jogadores da Seleção sobre o comando do técnico “Mano Menezes”; com jogadores saídos de campeonatos nacionais, alguns tendo enfrentado e ganhado a difícil “Libertadores”, cansados, sem ainda o “pique” necessário para enfrentar o mesmo enredo de uma “Copa América”; as exigências e as críticas são exacerbadas ao limite: Seleção apática, sem raça, de salto alto, cadê Neymar? Cadê Ganso? E por aí afora. Ninguém lembrou da contundente mão “esquecida” no ouvido do Neymar por um jogador paraguaio que chegou atrasado no lance quando Neymar já tinha passado a bola, logo nos primeiros minutos da partida, com a conivência do juíz que nada apitou (!), sinal verde para o adversário contra o craque brasileiro.
Já se tornou lugar comum a frase: Não tem mais ninguém bobo no futebol.
No entanto, nossos radialistas e comentaristas; fauna de “boas vida” oriunda de bons estratos sociais; esperavam uma goleada contra os paraguaios? É a comédia da mídia esportiva, onde muito dos atores talvez nunca tenham calçado uma chuteira na vida. No afã de aumentarem o “ibop” procuram se “identificar” com o ouvinte ou com o telespectador, falam de tudo sem o menor pudor de conteúdo. Parece que ganham por palavra que falam. Não estão nem aí para os milhões que os ouvem.
Numa emissora de TV fechada, no jogo Bolívia x Chile, onde o Chile tinha
mais posse da bola, quando do primeiro gol feito por um boliviano, a
decepção do narrador foi tamanha que nem gol ele gritou! Já quando o
Chile empatou, parecia que o narrador era de uma emissora chilena!
Deprimente e tendenciosa falta de profissionalismo.
São nuances políticas se intrometendo no mundo esportivo; aversões da mídia
direitista contra plantadores de folha de coca bolivianos, a equivocada
resolução do governo boliviano em regularizar os carros que são “levados” do
Brasil e que não possuem nenhum documento, tendência populista nativa do
governo de “Evo Morales”, etc.
Interessante notar que a tendência contra a Bolívia por parte de alguns da
mídia esportiva paulista, não se deu contra o Paraguai, onde a anos atrás, até o
Presidente do País andava numa Mercedes roubada do Brasil? Foi constatado
pelas autoridades brasileiras e amplamente noticiado. O Paraguai franqueia
toda sorte de contrabando para o Brasil.
Enfim, aqui fica o desabafo de um amante do Futebol, que assiste até jogos
da série D, na TV, mas que também está atento aos acontecimentos e cansado
das babaquices da mídia.
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