FINANCIAMENTO PÚBLICO DE CAMPANHAS POLÍTICAS
23/08/11
Será por aí a solução, ou apenas um tímido início?
Antes de iniciar este post, quero advertir os leitores ocasionais, que o autor é um anônimo brasileiro sem maiores currículos, mas muito atento por anos aos acontecimentos em meu país, o Brasil:
A TV Câmara de hoje orquestrou o período do início da tarde para discursos em pró do Financiamento Público de Campanhas Políticas – FPCP - .
Após o primeiro expediente de pronunciamentos de um minuto, veio o de 0,5 minutos e aí surgiu a figura do Dpt. Fernando Ferro - PT-PE. Que veio com a exposição de um resumo de projeto de FPCP-Mixto.
O Dep. F. Ferro lembrou os atuais custos altíssimos das campanhas políticas, (que vem sendo custeadas desde a implantação do voto em urnas até agora pelas iniciativas privadas).
Falou também da falta de equidade de recursos em face do número de candidatos; enquanto um tem pouquíssimos recursos, outros têm 10 vezes mais a sua disposição.
Citou a falsa impressão de quem paga as candidaturas é a “iniciativa privada”. Quando na verdade o retorno será multiplicado por três, no mínimo, através de licitações governamentais fraudadas.
Lembrou também dos candidatos que desistem de suas intenções de serem políticos por falta de recursos, o que leva as Campanhas Políticas em época de eleições adquirirem um caráter censitário seletivo.
Por fim, anunciou “seu” projeto de FCPC em cima de um sistema “Proporcional Mixto”, que acabaria com as coligações e criaria um sistema de partidos fortes, com plataformas de governos e com políticos fiéis.
Logo após o pronunciamento do Dep. F.Ferro, veio o Dep. José Guimarães – PT-CE, cujo pronunciamento veio exacerbar o fato do FPCP:
“ Se a sociedade brasileira quer acabar com a corrupção no Brasil tem de apoiar totalmente, radicalmente, o FPCP.”
No entanto, um aparte de um outro deputado, lembrou que o projeto do Dep. F. Ferro admite a (colaboração de entidades privadas) no montante do FPCP?? Não atoa, o projeto é defendido pra entrar em vigor só em 2014, - ano da “Copa do Mundo”. Muito conveniente, diga-se de passagem, em face das urgências das obras para o grande evento esportivo internacional.
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Considerações pessoais: De início, é querer chamar de otário o ouvinte da TV Câmara, que só por um Deputado defender com toda sua ênfase retórica o “Financiamento Público de Campanhas Políticas”, estará acabarando com a corrupção política no país.
O Deputado acha que a retórica simplista para o município nordestino que o elegeu, convencerá os telespectadores de todo país; o que é de uma “inocência” no mínimo hilária.
Depois, quem garante ao cidadão normal, não protegido pelo Olimpo de Brasília ou em seus governos estaduais, que o FPCP proibirá a “influência” das grandes empresas, das grandes corporações, no Planalto??
As grandes corporações, empreiteiras, que vem sendo privilegiadas pelo Erário brasileiro através de décadas por acaso vão deixar de ter suas regalias nos orçamentos do Governo? Por acaso as grandes Corporações em face das crises nos EUA e na Europa, vem questionando o custo benefício das vultosas verbas destinadas aos seus grandes caciques da política nativa?
O número de poderosas empresas estrangeiras com suas filiais no país vão deixar de ter influencia nos meios governamentais com o FNCP?
A corrupção no Governo não só atinge seus grandes nomes, mas também nos escalões subalternos nos vários departamentos de toda a teia governamental. Departamentos ocupados, não raro, por parentes proeminentes dos governos, filhos, esposas, sobrinhos, etc.
Não conheço por inteiro o projeto do Dep. Fernado Ferro - PT PE, mas pelo pouco que discursou a respeito, acredito que esbarrará, caso aprovado, no mal-caratismo inerente do político brasileiro. São muitas décadas de concepção de que a política é um meio de realização pessoal e familiar, que o político deve entrar na política pra fazer sua vida e dos seus. Não é um mero projeto que vai mudar décadas de toda uma cultura de fazer política no país.
Se um Prefeito de um país nórdico vai da sua casa para a Prefeitura de bicicleta; o presidente do Senado brasileiro; um senhor de mais de 80 anos de idade; usa um helicóptero da “Segurança Pública” do Maranhão para se locomover com convidados; entre eles um bilionário de grande influencia; de sua casa no Estado para sua ilha particular; como denunciou um Deputado do PT. O abuso do poder tá no "DNA".
Em que pese as boas intenções do projeto do Dep. E.Ferro, o FPCP dificilmente vai mudar velhos hábitos e o “módus-operandi” oligárquico da política brasileira. Oligarcas camuflados nos mais diversos partidos existentes.
Temos megas-fazendas de sobrenomes oligárquicos abusando de trabalho análogo a escravidão imposta até hoje, no mundo agrário brasileiro.
Temos instituições governamentais de cunho popular, como hospitais públicos sem recursos e escolas carentes por todo o país; carência brutal de moradias populares dignas; 60mil famílias de “sem terra” perambulando por acampamentos a beira de estradas por todo o país; e no entanto estamos preocupados com o “Financiamento das Campanhas Políticas” ser do Estado ou de Iniciativas Privadas?? Será que é por aí a solução? Talvez seja um tímido início, no máximo, alardeado como a salvação da pátria.
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