------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------
“NO-FLY ZONE”
“O texto do Conselho de Segurança da ONU em sua “Resolução 1973” de 17 de março de 2011, autoriza que Estados-Membros das Nações Unidas tomem medidas necessárias para proteger áreas civis e povoadas pela imposição do “no-fly zone” sobre o espaço aéreo líbio, bem como a imposição da proibição de reabastecimento de armas e munições pelas Forças Armadas da Líbia.
A “Resolução” se respalda na Cimeira de das ONU em 2005, onde foi atribuída a responsabilidade das nações à proteção de populações contra genocídio, crimes de guerra, limpeza étnica e crimes contra a humanidade”.
Onde se aplica a “Resolução” no caso da Líbia?
“Genocídio” não pode ser, pois não consta nada contra Gaddafi nesse contexto;
“Limpeza étnica” não pode ser, o país tem sido um grande represador de norte-africanos para a Europa, dando guarida e trabalho a milhares de africanos que chegam ao país;
“Crimes de guerra” também não se aplica, já que não consta que a Líbia estivesse em guerra com outro país;
“Crimes contra a Humanidade”, enfim um elemento em que poderia ser enquadrado Gaddafi por causa do “Boing” que explodiu no ar com centenas de passageiros abordo, atribuído ao Ditador. Mas, não foi esse o motivo da autorização da ONU.
Também constaria da “Resolução”, que as forças de “coalizão” não poderiam mandar tropas invadir o território líbio, nem atacar Gaddafi.
Aliás, parece que a ONU teve muito trabalho em emitir a “Resolução 1973”, já que os acontecimentos no país não se enquadram em nenhuma das quatro alternativas justificáveis, sendo as revoltas de opositores a Gaddafi, um problema de política interna de um país soberano.
Ou seja, após dias de acompanhamento dos acontecimentos na Líbia, após inúmeras leituras das mais variadas opiniões, cada vez mais me convenço que o Ocidente Capitalista; (entenda-se grandes grupos corporativos do petróleo); contava com a onda de revoltas no Magrebe à tirarem Galddafi do poder.
Tal não aconteceu e o destemperado líder líbio, (agora transformado em cruel ditador), ainda teve despropósito de posar para as câmeras internacionais na “batalha midiática”, diante de uma escultura , onde uma grande mão esmaga um avião de combate com a bandeira dos EUA na cauda.
A foto e o vídeo mostra Gaddafi na frente de um prédio que foi alvo de ataques norte-americanos em 1986. Uma ofensa há imagem do poder do “império”, cultivada diligentemente, que o Pentágono com certeza deve ter tido muita dificuldade em digerir.
http://www.youtube.com/watch?v=KE-95yOy-hA&feature=related
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/02/22/cenario-do-discurso-de-gaddafi-e-marcado-por-estatua-de-mao-que-esmaga-aviao-dos-eua.jhtm
Os argumentos de representantes da coalizão costurada apressadamente, e endossada pela ONU sem fundamentos convincentes, são de que o “no-fly zone” visa proteger “direitos humanos” e vidas de civis ameaçadas pelas forças de Gaddafi.
Ora, tem civis ameaçados no Yémem, no Báhrén, na Síria, em Gaza, em Darfur e Costa do Marfim, e nem por isso vemos nenhum porta-aviões estacionado nas costa marítimas desses países, onde populações estão sendo massacradas quase todos os dias.
Oitocentos mil “Tutsis” foram mortos num cruel genocídio contemporâneo em Ruanda, e o máximo que a ONU fez foi emitir um comunicado de condenação à mortandade.
De modo que esse argumento de proteger os civis em Benghasi; que se encontra em poder dos opositores e com graves denúncias de estarem praticando assassinatos, roubos e outros abusos contra os emigrantes africanos que estão fugindo do país aos milhares; acaba soando como mais uma arenga a esconder os reais motivos das forças de coalizão. O petróleo já seria um bom motivo.
Segundo consta, em 2009 Gaddafi teria arquitetado uma nacionalização das empresas petrolíferas européias e norte-americanas.
A Europa e os EUA contavam que Gaddafi sucumbisse à oposição nas ruas. Mas o líder do socialismo “verde” resolveu mostrar que era osso duro de roer. Agora, com instalações de radares e sua força aérea destruídos, segundo as últimas notícias, o ainda líder de Trípule e de parte do povo líbio, parece que não vai ter muita chance. Ou sai fora do país ou vai ser morto.
Este texto está longe de defender Muammar el Gadafi e muito menos condena-lo. Como mero leitor de notícias e vários textos de “especialistas” no assunto, apenas quero ressaltar a fragilidade dos argumentos com que os EUA, Inglaterra e França resolveram despejar mais de uma centena de mísseis em território líbio.
Um ato de guerra contra um país que enfrenta uma onda de protestos de um grupo de opositores, que está longe da dimensão populacional mostrada na Tunísia e no Egito. Parte relevante da população líbia está do lado de Gaddafi.
Gaddafi não é flor que se cheire? Com certeza não. É um ditador vindo das hostes militares? Com certeza, já que o país só tem um partido político, o do Coronel. Tomou o país num golpe de Estado, matando quem estava no governo? Sim. Foi considerado um terrorista? Há quem diga que não. Mandou explodir um grande avião lotado de passageiros? Segundo consta parece que sim.
Mas então, como explicar Muammar Gaddafi no poder a 42 anos, tendo sido durante quatro décadas recebido por vários países, inclusive os da “coalizão” com todas as honras de Chefe de Estado?
Porque os países da coalização não conversaram com Gaddafi sobre os problemas dos opositores? O que poderiam fazer a respeito? O que estava faltando ao país?
Mas não, preferiram o caminho da violência, da manutenção do “Eco” de “Bouazizi”, a destruir tudo que o sistema líbio de governo tinha conseguido de bom. Porque tem sempre de ser assim?
Simples, poderá responder qualquer um: "É a política, "Oh! inocente"!
OBS: Esqueci de comentar que a maioria dos sobrenomes dos textos de "aprofundamento" do "Al Jazeera" são de árabes com longas estadias em Universidades Estadunenses e Inglesas, ou de sobrenomes anglo-saxões das mesmas Universidades.
---------------------------------------------------------------------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário