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Primeiro as redes de TV e os jornais sensacionalistas trataram de espalhar o pânico na sociedade. Depois os mesmos veículos de comunicação orquestraram com ufanismo patriótico de Copa do Mundo a ação policial-militar que colocou milhares de moradores do Complexo do Alemão debaixo de estado de sítio. A grande mídia vestiu seus repórteres para a guerra, adotou a linguagem dos quartéis e aderiu ao esquema repressivo sem o menor pudor de passar por cima da Constituição Federal, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da ética jornalística.
Imagine-se qualquer bairro de classe média do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte etc cercado por tropas, ocupado por militares e policiais, com invasão dedomicílios, buscas e saques, para justificar a caçada a alguns empresários sonegadores de impostos, fraudadores de mercadorias, estelionatários de consumidores, corruptores de servidores públicos, manipuladores de caixa dois.Qual seria a reação do povo? Qual seria a repercussão da mídia diante de tamanha violência?
O que aconteceu no Rio de Janeiro foi exatamente isso, com a enorme diferença de que os caçados são varejistas de drogas e suas gangues estão encasteladas no seio de uma população pobre predominantemente de afro-descendentes. Por isso mesmo as autoridades se sentiram à vontade para descer o porrete, e os jornalistas se entusiasmaram em fazer uma cobertura preconceituosa, bajuladora das forças policiais e sem o menor respeito com os cidadãos que moram nessas comunidades tratadas como zona de guerra e território inimigo.
Ao contrário da mídia hegemônica, a revista Caros Amigos deu voz a quem vive e conhece a situação das favelas e dos morros cariocas,debateu as violências praticadas pelo Estado, ligou o senso crítico obrigatório no bom jornalismo, permaneceu fiel aos direitos civis e constitucionais, tratou,enfim, de mostrar aspectos ignorados pela cobertura da imprensa empresarial e conservadora.
Leia também uma excelente entrevista exclusiva com a filósofa e professora Marilena Chauí, que analisa a cobertura da mídia sobre as eleições presidenciais,o governo Lula, os desafios antigos e atuais da sociedade brasileira.Intelectual respeitada, militante do PT, Marilena Chauí acredita que o governo Dilma tem condições de avançar em várias frentes de luta, inclusive nademocratização da comunicação.
Além disso, a revista Caros Amigos apresenta uma entrevista exclusiva com o tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho, um dos comandantes da Revolução dos Cravos, em Portugal, em 1974; e ótimas reportagens sobre o tráfico de jovens brasileiros para exploração sexual na Europa, o exagerado encarceramento de pessoas no Brasil e a volta do lendário Cine Bijou, no centro de São Paulo, que articula exibições de filmes especiais seguidas de debates.
Enfim, uma revista para quem é exigente.
Já nas bancas!
Boa Leitura!
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