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Tenho notado que muitos dos Blogs de Provedores, não publicam comentários que são mandados, com a desculpa de que alguns usam de uma linguagem chula, (e nesse caso até concordo em parte, pois um palavrão às vezes diz muito mais que toda uma frase.), e a outra desculpa é a da calúnia, o que também é uma questão no mínimo polemica. Mas de uma forma geral, o fato é que mesmo um comentário pertinente ao assunto, mas colocado sobre outro enfoque não é publicado.
É lamentável que isso ocorra na Internet, território tido como propriedade do Pensamento Livre, questionador, com outros vetores que o da (não servidão aos interesses do grande capital), ao contrário do que acontece com a maioria dos tradicionais meios de comunicação.
Aproveito a ocasião, para lembrar que todos os grandes Portais de Portugal, por exemplo, trazem em TODAS as notícias, “espaço” para comentários e raramente se acha alguém reclamando de não ter constatado a publicação da sua opinião, algumas até em idiomas diferentes. Portais da França fazem o mesmo. Já os nossos Portais, é uma dificuldade para se comentar alguma notícia, porque simplesmente não existe o “espaço”.
Voltando ao assunto do desprezo de certos Blogs de Provedores por comentários que não participam da visão do blogueiro:
Tendo lido um post de um Blog que fala sobre a política da África do Sul, em especial do CNA – Congresso Nacional Africano, logo vi o tom depreciativo com que o texto tratava o principal partido do país, no governo desde o fim do “Apartheid”, partido do grande líder africano “Nelson Mandela”; numa defesa da oposição local mesmo reconhecendo que não existe um consenso entre seus líderes.
Já em outro site, li um interessante artigo da Revista Piauí, assinado por Daniela Pinheiro, muito mais extenso e com uma razoável profundidade na política sul-africana, mas também com pitadas de preconceitos contra a nova classe rica do país, que ela chama de “Os Diamantes Negros”. Negros novos ricos, que andam de Ferrari, BMW, e outros carros de luxo, e passam a tarde tomando champanhe nos bares chiques de “Johannesburgo”, muitos deles executivos de empresas estrangeiras, outros membro dos CNA.
O texto fala de uma conversa que ela estava tendo com um inglês morador no país, visivelmente ressentido com o domínio do negro na política sul-africana: “Nelson Mandela” até a alguns anos atrás era um pobre e hoje possui belas casa espalhadas por luxuosos lugares do país"(!?)
O Cara é um ícone do continente africano, símbolo máximo na luta contra o “Apartheid”, respeitado em todo o mundo! Autor da frase que considero uma pérola do humanismo político vigente: “ O desenvolvimento e o progresso de um país não deve ser medido por suas personalidades proeminentes, mas sim pelas condições sociais de suas populações mais humildes.”
Em ambos os Blogs, vê-se um certo preconceito contra o domínio negro da política na África do Sul, em especial contra a atuação do CNA.
Há que se lembrar no entanto, que “Nelson Mandela” assumiu a presidência do país em 1994, a tão somente 16 anos atrás.
Não sou nenhum estudioso da África do Sul ou dos problemas enfrentados pelas várias etnias no país, algumas ainda beirando um grande atraso civilizatório, muito ao contrário, não passo da condição de mero curioso eventual.
Mas é risível as exigências e os protestos de brancos de outros países para com o governo e a classe emergente, negra, sul-africana. Um povo que a menos de vinte anos atrás, não tinha o direito de andar nas mesmas calçadas dos brancos.
Exigências para com um governo que ainda se vê obrigado a tolerar bairros de Johannesburgo e de outras cidades, onde só moram brancos, onde nas ruas filmadas por uma equipe do famoso “âncora” da elite brasileira, Almaury Junior, não se via um único negro, inclusive nos bares e nas lojas.
Enfim, minha opinião, que expressei no Blog citado acima e que não foi publicado mesmo há três dias depois, é de que não creio que não temos o direito de sermos tão exigentes para com o processo político pelo qual atravessa a África do Sul, só por causa de um comportamento elitista da sua recém libertada e emergente classe política negra e dos privilégios de que gozam. Até porque temos exemplos milenares na civilização humana e seculares entre nós, os brasileiros.
De resto, quero deixar registrada minha apologia de uma Internet como um território de livre acesso por todas as opiniões, independentemente de cor, credo, ideologias ou de servidão a grandes capitais. Uma Internet livre, onde o Blog possa ser um canal de troca de idéias e de respeito a opinião que ali busca se expressar, quer seja do titular, quer seja daquele que comenta.
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