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terça-feira, 24 de agosto de 2010

LOBO ANTUNES/PORTUGAL/EUA...E O HORROR!



ANTONIO LOBO ANTUNES - MÉDICO - PSICÓLOGO - ESCRITOR.

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TESTE COM BOMBAS NALPANS...QUE DÁ UMA IDÉIA DO HORROR....

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24/08/10

Freqüentador do site Público.pt, cansei de ler comentários contra a invasão do Iraque pelos EUA, bem como recentemente quando os norte-americanos retiraram a última tropa de ataque do país, quando os comentaristas do site achincalharam a saída de madrugada.

Pois é, o mundo todo falou e fala contra os EUA e os seus crimes no Iraque e no Afeganistão. Os portugueses não foram diferentes e com todo o modo peculiar da verve lusa, não pouparam criatividade nas críticas.
No entanto, esqueceram do telhado de vidro sobre suas cabeças.

Acontece que o famoso escritor português Antonio Lobo Antunes, médico psiquiatra, que serviu o Exército português na guerra em Angola, entre 1971 a 1973, foi convidado recentemente a participar de um evento em “Tomar”, cidade na região do “Médio Tejo”.
Porém, recusou-se a ir quando ficou sabendo de medidas de segurança em pró da sua visita, por parte da “Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo”. Segundo consta, militares da antiga estariam dispostos a agredi-lo durante o evento, devido a uma declaração polêmica e contunde que teria dado em uma entrevista a um jornalista, “João Céu e Silva” e que este publicou num livro: “Uma longa conversa com Lobo Antunes”. A citação do Lobo Antunes sobre a guerra em Angola diz o seguinte:

“ Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para poder mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava e, como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros."

“O parágrafo tem valido várias acusações em blogues na Internet e, em Julho, chegou uma queixa-crime ao chefe do Estado-Maior do Exército onde se alega que Lobo Antunes descreve "um chorrilho de infames mentiras",...”.
http://www.publico.pt/Cultura/lobo-antunes-assegura-que-nunca-faltaria-a-encontro-por-medo-do-confronto-fisico_1452448#Comente

Pois é, vai daí, começo a ler os comentário e dou com um que apenas escreveu: “Baixa do Kassange”. Vou ao Google e encontro o seguinte:
04 de Janeiro, 2010

Comemora-se hoje em todo o país o Dia dos Mártires da Repressão Colonial, data que constitui símbolo de coragem de muitos milhares de camponeses angolanos, que, em 4 de Janeiro de 1961, ousaram, na Baixa de Kassange (província de Malanje), protestar contra o regime colonial, para reivindicar melhores condições de trabalho e isenção de pagamento de impostos.
Milhares de camponeses da Baixa de Kassange pagaram com a vida a sua acção de protesto, tendo as forças do exército colonial reprimido com extrema violência as suas reivindicações, que incluíam também a abolição do trabalho forçado.
Em 4 de Janeiro de 1961, mais de dez mil camponeses da então Companhia de Algodão de Angola (Cotonang) foram assassinados por bombardeamentos de aviões do exército colonial português. Os camponeses assassinados estavam apenas munidos dos seus instrumentos de trabalho.
A revolta dos camponeses da Baixa de Kassange constituiu na altura um sinal inequívoco de que os angolanos não estavam mais dispostos a suportar a opressão e a repressão coloniais e de que estavam determinados a lutar pela sua liberdade, quaisquer que fossem os sacrifícios a consentir.
A revolta da Baixa de Kassange ocorre um mês antes da acção armada de 4 de Fevereiro de 1961, protagonizada por heróicos patriotas e nacionalistas angolanos que, de forma destemida, atacaram com catanas cadeias do regime colonial em Luanda””
http://jornaldeangola.sapo.ao/19/42/livres_e_independentes

Confesso que sabia dos atos bélicos portugueses em Angola, mas muito superficialmente. Foi um massacre!!
Imagino como um médico e psiquiatra, deve ter se sentindo atendendo centenas de vítimas sobreviventes da mortandade praticada pelo exército português. Não são atoa alguns dos títulos dos seus livros:
“Que farei quando tudo arde?” –2001; (Talvez a pergunta angustiante de algum(a) sobrevivente dos “nalpans” ao falar do sofrimento físico que sentia.); ou “Conhecimento do Inferno” – 1981.

Me é difícil admitir a Força Aérea portuguesa despejando “nalpans” em angolanos trabalhadores do campo, munidos apenas de suas ferramentas de trabalho, que só buscavam em seu protesto, melhores condições de vida! E isso há tão somente 40 anos atrás! PKP!

Como o povo de um país com a fama turística e de hospitalidade que tem Portugal, conseguiu ser tão cruel em sua história recente, como se já não bastasse as barbaridade cometidas em sua história colonialista mais antiga?

O quanto de poder tem um Povo em capacidade bélica de invadir e subjulgar um outro, é o quanto serão exacerbadas e horrendas suas agressões, o quanto serão soberanos serão seus desejos, por mais vis que sejam.
De resto coloco aqui um comentário português feito no site Público:

“Wiriamu, Mueda foram, entre outros, lugares de massacre e são agora ainda,passados mais de 40 anos, lugares de vergonha e cobardia por quem não tem a coragem de assumir os actos de barbarie ali cometidos. Para muitos dos militares sobreviventes os actos de violência extrema dirigidos contra populações africanas de Angola e Moçambique não se discutem, silenciam-se. Como se o pacto vergonhoso de silêncio a que se remeteram, como se de uma seita se tratasse, nos deixasse a todos mais tranquilos e nos trouxesse a paz na consciência que nunca tivémos nem havemos de ter.”

Já um outro comentário, insensível aos crimes e abusos cometidos numa guerra, diz o gajo "esquecendo de tirar os tamancos":

“Algumas notas que fazem a realidade ligeiramente diferente da apresentada nos filmes americanos (que parece ser a base de conhecimentos bélicos dos comentadores). 1)Os militares são gente como os civis 2)Os militares que participaram na guerra foram civis incorporados em regime obrigatório 3)Uma guerra não é um encontro desportivo, nem um filme americano. Numa guerra mata-se, viola-se, massacra-se 4)Guerra limpa é uma antítese, a guerra é um jogo sujo de sobrevivência e morte 5)Sobreviver é o principal desejo da maioria dos combatentes 6)Quem determina a guerra não participa nela (o poder civil) 7)os civis é que inventam razões, pagam, preparam-se e fazem a guerra - a instituição militar é apenas a organização dessa vontade 8)os civis são sempre os responsáveis pelas guerras, porque a instituição militar é apenas um conjunto de conhecimentos, levados à prática por ex civis 9)não há razões válidas para a guerra 10)A guerra deixa consequência profundas, ninguém sai impune de uma guerra. Falar de um sofá a décadas de distancia é tão fácil quanto inútil”.
E o gajo até tem razão.

Contudo, o homem já conhece tanto a guerra e as crueldades e sofrimento que ela causa, que até em pró de sua evolução enquanto espécime, já está mais que da hora em admitir que tal estado de beligerância deve ser evitado ao máximo!
Até quando um punhado de mentes diabólicas, no conforto de seus gabinetes, continuará a se enriquecer a custa do horror e do sofrimento de milhões?
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