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terça-feira, 17 de novembro de 2009

SABEDORIA DA FÊMEA

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TESÃO E DIREITOS HUMANOS
(Um bom artigo do Renato Janine Ribeiro- USP)

Saiu na Folha de S.Paulo de 15/11/09, um excelente artigo de um professor da USP sobre o caso da estudante da UNIBAN que quase foi linchada por ter ido a universidade com uma micro-saia, em 23/10/09. O caso virou um rebú na imprensa e mídia geral.
Pode-se dizer que no geral as opiniões foram em sua maioria a favor da jovem incauta. Onde já se viu em pleno início do século XXI um bando de universitários quererem dar uma de moralistas retrógrados? E foi por aí a fora a maioria dos comentários.

Mas, embora não querendo me debruçar sobre o assunto, ficou na minha cabeça a incômoda pergunta: “Quer dizer que ela pode ir a Universidade com um saiote mostrando a calcinha e cada um das centenas de alunos presentes tem de “ficar na sua”, inclusive suas amigas, aquelas que ficaram ruborizadas com a ousadia da colega? Enfim, pensei, é coisa da juventude de hoje, cada vez mais abusada.

Porém, ao ler o artigo do Professor de filosofia, pude ver que eu, como milhares de outros, não estava solitário com minha incômoda pergunta, conforme um pedaço do artigo:

“ Como o tesão, (e pensar que esse termo já foi considerado palavrão!), se relaciona com os direitos humanos? Dá pra repetir o mantra de que uma mulher poderosa, desejável, ciente do que desperta nos homens, é ao mesmo tempo um sujeito racional capaz de deliberar em sã consciência se quer ou não um deles?
Dá para acreditar que um homem, assim excitado, facilmente aceite a decisão da mulher de negar-se a ele? O estupro é inadmissível, mas dizer que esses controles são fáceis é iludir a sociedade.
O sociólogo alemão “Norbert Elias” entendeu bem a questão. Ele disse, a décadas atrás: “Ao contrário do que se imagina, quando se exibe mais o corpo, sobre tudo o feminino, exige-se mais – e não menos— auto controle. Porque se requer do espectador que não ataque o corpo desejado.”
Essa exigência é necessária? É. Mas é fácil? Não. Veja-se um baile funk . Vejam-se as publicidades na TV.
...Moderno é a moça fazer o que quer com o corpo, inclusive mostrá-lo. Reacionário é ser contra.
Mas a atualidade intensa do conflito é que ele não tem essa temporalidade moderna, que é dos demais direitos humanos.
Pois, por um lado mexe com a libido, que tem fortíssima base natural e uma temporalidade muito mais lenta.
Por outro lado, a mulher se exibir o quanto queira é uma conquista recente. O homem não saber lidar com isso também é um dado acentuado recentemente. Há um elemento natural, há um confronto hipermoderno. A reação “conservadora” também é hipermoderna.
O que não dá é para dizer que, a moça se exibir não é problema, é direito. É direito, sim, mas só interessa a ela porque é problema. Alguém acha que a apresentadora Sabrina Sato imitaria a aluna se os homens não babassem por ela, Sabrina ou Geisy, não importa?”
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Sempre gostei do refinamento do discurso filosófico sobre nossa realidade. Nos lembra que o sentido da evolução do espécime humano tem como sua principal meta o aprimoramento mental e espiritual do homem.

Mas na intimidade cultural modesta com os meus botões, me pergunto: “O que levou aquela jovem a ir para a Universidade com uma sainha de filme pornô??
À parte os motivos que podem ser vários, precisamos atentar para o fato dela nem ter imaginado que poderia causar todo o furor histérico coletivo que causou. Devemos lembrar que estamos numa época “on-line” e na internet vemos o que poderíamos chamar de um mundo de orgia e luxúria. Em nossa TV aberta, em horários nobres, já estão sendo mostradas mulheres com os seios de fora sem qualquer tarja ou “estrelinha” a cobrirem os mamilos, o que pouco adiantava quando existia, diga-se de passagem. É a TV competindo com o computador.
A sensualidade sempre foi uma característica do povo latino americano e em especial do brasileiro, mas nunca ela violou tanto os limites circunstanciais adequados. Uma micro-saia em que a calcinha chegue a ficar a mostra com certa facilidade, numa Boate pouco efeito iria causar. Uma mulher pelada numa praia de nudismo ou uma mulher de fio dental numa praia comum, tem muito menos efeito do que um farto decote num escritório cheio de engravatados.
É essa violação de limites circunstanciais que por vezes choca o homem moderno de hoje e acaba por exigir um autocontrole, muitas vezes excessivo, dos menos preparados quando pegos de surpresa.
É comum se falar que o homem que não domina seus instintos é um simples animal e não um homem. E assim devemos pensar e lembrar.
Mas também cabe a sabedoria feminina tomar ciência do poder erótico que tem sobre os homens. Não atiçar em circunstâncias indevidas o autocontrole do macho é sabedoria da fêmea.
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