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sábado, 8 de outubro de 2011

COPA DO MUNDO NO BRASIL, A QUE PREÇO?

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(Maquetes de algumas das obras para a "Copa 2014", que apareceram na internet)

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COPA DO MUNDO NO BRASIL, A QUE PREÇO?
06/10/11


Quero dar minha opinião sôbre a não autorização às “meias-entradas” nos jogos da “Copa 2014” e outras considerações:

Primeiro quero atentar para um fato significativo: A Copa do Mundo de Futebol a ser realizada no Brasil em 2014, será um evento acessível apenas da classe média para cima, na pirâmide social. De modo que a grande massa do povo brasileiro simplesmente não terá acesso aos estádios devido aos altos preços dos ingressos.
Em princípio é cativante em todos os aspectos a realização da próxima Copa no Brasil. Uma exposição do país em todas as TVS do planeta, a vinda de centenas de milhares de pessoas de outros países, entre jornalistas, repórteres, gente da TV de vários países, as delegações dos times, e claro, os turistas com seus cobiçados cartões de crédito.
Sem dúvida alguma será um evento da mais alta importância no globo, tendo em vista o império indiscutível do Futebol no mundo. Único evento que chega a rivalizar com a Copa do Mundo de Futebol são os Jogos Olímpicos. Portanto, há que se reconhecer a magnitude de uma Copa do Mundo.

Porém, apesar de muito já se ter falado e discutido, persiste a pergunta: A que preço estamos assumindo a Copa em 2014, tendo em vista as múltiplas exigências da FIFA para a realização do evento, que vai durar tão somente um mês?
O Governo optou por estender o evento por doze cidades em doze Estados do país. Serão necessários 12 Estádios, cada um com capacidade para 60mil lugares, sem contar as infra- estruturas de cada cidade, como hotéis, transporte, aeroportos, etc.

Segundo consta, os maiores abusos já estão e serão cometidos nas obras necessárias nos Estados,
principalmente nas licitações a “toque-de-caixa”, já autorizadas pelo Congresso. Ninguém sabe
ao certo quanto custará a “Copa do Mundo Brasil 2014”, mas já se fala em vários bilhões. Só
para lembrarmos, a (reforma) do Maracanã está na casa de R$1Bilhão! O Estádio do
Corinthians, programado para abrir a Copa, não sairá por menos de R$700Milhões! Isso para
ficarmos em apenas dois dos 12 Estádios necessários.
Lembrando um fato “pitoresco” na reforma do Maracanã: Os operários das obras chegaram a
fazer greve por melhores refeições e vale transporte, numa obra de R$1BI??!!

Lembro agora que há quem diga que banca rota da Grécia se deveu aos excessivos gastos feitos
para sediarem os “Jogos Olímpico de Atenas - 2004”, e que de lá prá cá o governo grego nunca
mais conseguiu acertar seu balanços nem suas contas com credores externos. Claro que não
ouso aqui comparar a pequena Grécia com o Brasil, mas trago aqui um interessante texto do site
“Estadão” sobre o que sobrou a África do Sul pós “Copa de 2004”:


(Jamil Chade, ENVIADO ESPECIAL JOHANNESBURGO - O Estado de S.Paulo
Poucas horas depois de Iker Casillas levantar a taça de campeão do mundo, há exatos sete dias em Johannesburgo, o governo sul-africano ordenava que tropas ocupassem algumas das regiões mais miseráveis da cidade para frear uma tensão latente de ataques xenófobos contra imigrantes estrangeiros. No dia seguinte, funcionários de empresas de energia confirmavam a intenção de entrar em greve.
Passada a euforia, milhões de cidadãos continuavam desempregados e a África do Sul voltava à sua dura realidade. Depois que o circo da Copa do Mundo deixou o país, ficaram a pobreza, a aids, a violência, a desigualdade social e, principalmente, uma divisão profunda entre os líderes sobre qual deve ser o projeto de país para a África do Sul.
Para o mundo exterior, o presidente Jacob Zuma usou a Copa para mostrar uma nova imagem da África do Sul, capaz de realizar grandes eventos. Seu governo não esconde que quer receber os Jogos Olímpicos de 2020 e, principalmente, um lugar no Conselho de Segurança da ONU. Sem poder calcular os ganhos reais do Mundial, Zuma optou por um discurso ambíguo. "Não há preço para o que ganhamos ao abrigar essa Copa."
Para ativistas sociais e parte da população, o que Zuma fez foi usar a Copa para criar uma espécie de cortina de fumaça sobre a real situação sul-africana. Analistas acreditam que a falta de serviços públicos, corrupção e discórdia entre os líderes está em seu ponto mais alto nos 16 anos de democracia do país.
Segundo o Conselho de Pesquisas de Ciências Humanas da África do Sul, a proporção de pessoas vivendo na pobreza na África do Sul não mudou de forma significativa desde 1994. "Na realidade, a camada mais pobre está mais pobre e a diferença social entre pobres e ricos aumentou", diz a entidade num relatório que pretendia "evitar o ufanismo na Copa" e "mostrar as coisas como são".
A tensão entre as classes não desapareceu. A primeira euforia que tende a sumir é o sentimento pan-africano que Zuma tentou estabelecer com a Copa. Com a África do Sul eliminada, televisões, governo e rádios insistiam que a população local deveria torcer para Gana. Mas, com 25% de taxa de desemprego e atraindo imigrantes de países vizinhos, os sul-africanos vivem em conflito com os estrangeiros, lutando por espaço nas favelas e nos trabalhos. Explosões de violência contra estrangeiros foram registrados em 2008 e 2009. A "nação arco-íris" já teme o pior de novo.
Para grupos de direitos humanos, o fim da Copa deve intensificar os confrontos. Pelo menos 130 mil empregos temporários criados para o Mundial deixaram de existir. Tanto a Fundação Nelson Mandela como a ONG Pulse, da África do Sul, admitiram em declarações nesta semana que o risco de violência aumentou com o fim do evento.
"As ameaças de violência maciça relacionada como xenofobia voltaram", disse Duncan Breen, do Consórcio para Refugiados e Migrantes na África do Sul. "Está na hora de o governo parar com o discurso de que a Copa nos uniu e passar a agir para evitar mortes", disse.

Para a Anistia Internacional, o governo "limpou" as cidades de seus problemas, transferindo desabrigados e impedindo a entrada de estrangeiros.
Se não bastassem os problemas com estrangeiros, a insatisfação de trabalhadores de vários setores aumenta. Antes e durante a Copa, os sindicatos ameaçaram entrar em greve como forma de pressionar por melhores salários. A gigante de energia Eskom evitou o pior durante a competição, mas não descarta a hipótese de apagões ainda este ano. Lilian, uma moradora do Soweto, ironizou o evento e atacou o discurso do governo. "Nem percebi que a Copa era aqui", afirmou. "As promessas eram que nossa vida mudaria. Agora, a Copa acabou e continuo desempregada. Se o governo teve dinheiro para gastar com estádios, podia ter aberto um hospital para a sua própria população".

Dados oficiais mostram que o custo da Copa foi multiplicado por 11 entre 2004 e 2010. Segundo um grupo de ONGs locais, o dinheiro usado para o Mundial pelo governo seria suficiente para construir casas para 12 milhões de sul-africanos que vivem em favelas. Do outro lado, a Fifa arrecadou US$ 3,2 bilhões em renda com o evento, sem pagar um centavo sequer em impostos ao país sede. Para o CEO da Copa, Danny Jordaan, ver o Mundial dessa maneira é uma "prova de miopia". "No longo prazo, todos vão ganhar", garantiu.
O escritor sul-africano Rian Malan é de outra opinião. "A Fifa encorajou o governo a gastar bilhões que não tínhamos em estádios que não precisamos. Agora, infelizmente, ficaremos com dívidas por anos", disse. ).

Procuro pensar que o Brasil está em um patamar melhor a África do Sul, que a nossa população
está em melhor nível social, apesar dos bolsões de pobreza extrema, das nossas favelas, das
nossas palafitas em parte do litoral nordestino, etc.

Dizem que os custos da Copa 2014 não sairá por menos de R$24Bilhões, segundo dados da ONG
Transparencia Brasil, mas a ABDIB – Associação brasileira de infra-estruturas e industria de
bases, estima em R$112Bilhões, pois os dados da “Transparencia Brasil” não levaram em conta
os gastos com transportes, aeroportos, mobilidade urbana e segurança= R$89BI.

Penso no número de casas populares ou conjuntos de prédios de quatro andares que podiam ser
feitos para os milhões de favelados e sem casa por todo o país? Dizem que o déficit habitacional
no país gira em torno de 5,5milhões de moradias, sendo que em 2009 era de 8milhões de
moradias.

Na real, é que mesmo que a Copa em 2014 saia por uns R$150BI, será apenas um mês de
arrecadação de impostos da cascata tributária.

Agora, voltando ao motivo do início do texto: Pode a FIFA negar a existência da “meia-
entrada” aos estudantes e professores brasileiros?

Pode um Cara ligado ao governo vir dizer que “todos sabiam das regras da FIFA quando
assinaram o acordo da realização da Copa”?? Todos quem, Cara?

O fato é que o poder que tem a FIFA é algo que ainda não foi devidamente explicado. Exemplo: O
que falar da liberação do consumo de bebidas alcoólicas, cerveja, dentro dos Estádios durante os
jogos da Copa 2014? Suprimem-se direitos adquiridos por Lei e viola-se a própria Lei, em pró da
satisfação dos desejos da entidade máxima do Futebol.

Não dá para entender como uma mera entidade esportiva, a FIFA, ainda que represente o esporte
que conquistou o planeta, tenha poderes de submeter aos caprichos dos seus mandatários, todo
um País?

Se na África do Sul, onde a Copa custou o preço de 13 milhões de moradias que não foram feitas
para a população pobre do país, a FIFA arrecadou U$3.2Bilhões sem ter colocado um tostão para
a realização do evento, penso na cifra absurda que o Sr. Joseph Blatter irá tirar das “Terras
Brasilis”? Uns U$10BI.

No entanto, vemos uma FIFA acima da legislação vigente do país onde ela leva seu maior evento
de quatro em quatro anos.

Além de negar a meia-entrada aos estudantes, exige que sejam vendidas bebidas alcoólicas dentro
dos Estádios, e até um Deputado do PT (?), Vicente Cândido, está “trabalhando” para mudar a
legislação na Câmara dos Deputados. Argumento do “nobre” deputado: “O Estádio não é um
congresso de freiras ou de pastores”.

A liberalização vai de encontro as Leis brasileiras. Vale lembrar que sem bebida, as torcidas já se pegam dentro nas arquibancadas. Mas tudo para satisfazer os desejos da FIFA, preocupada com os turistas alcoólatras de fora, para que não fiquem sem o fornecimento constante de suas doses.

Sem contar a humilhação de sabermos que os turistas da FIFA poderão beber a vontade, até ficarem bêbados em nossos Estádios, como se fossem melhores que nós!

Enfim, reconheço que a magnitude de um evento como a “Copa do Mundo de Futebol” tenha de ter os maiores cuidados para que não se torne um fiasco. Mas a Legislação de um país não pode ser violada sob pena de se estar violando a soberania desse país.

O Brasil não pode ser reduzido a um Bordel de turismo internacional, sendo todo redecorado para grande festa e regozijo de clientes endinheirados.

Quem viver verá, como será esta Copa e o que sobrará de legado ao povo brasileiro.


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