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terça-feira, 25 de novembro de 2008

SOMÁLIA

Lancha veloz usada pelos Piratas Somalis

Na minha infância na Cidade de Santos, lia gibis de piratas. E me via num porto de Singapura, a descer de um “Galeão” e ir direto pro Bar onde se reuniam piratas de várias partes do mundo.
Na minha adolescência já em São Paulo, vários foram os filmes que assisti com os mesmos enredos dos gibis.
E todo aquele “mundo” de piratas, corsários, os portos, aquele trânsito de trabalhadores das docas, as mulheres nas tabernas, as lutas de espadas, os malabarismos dos “mocinhos”, todo aquele universo sempre me encantou.
Eu tinha em minha mente, na infância e parte da adolescência, que os piratas eram em primeiro lugar, gente do povo, rebeldes que se recusavam a se submeter às leis do Rei , o qual era sempre um déspota cruel.
Logo, o pirata pra mim significava não só ladrão mas também um Cara que lutava pela Liberdade.
E quando eu ia perto do Porto de Santos, ver os navios, cargueiros enormes sendo puxados pelas traineiras em frente ao “Canal 2”, sentado nas pedras, a calma maré molhando meus pés, sonhava um dia ser um marinheiro e viajar pelos mares do Mundo.
E eu era então, um misto de pirata com marinheiro.
Mas, enquanto eu sabia que o marinheiro era atual, na minha cabeça, o pirata era o dos gibis e dos filmes de Hollywood e que não mais existiam na vida real. Mal sabia eu do quanto estava enganado.
Pois, mesmo na pacata Cidade de Santos, já existiam os piratas modernos e até a uns poucos anos atrás, andaram em extensas reportagens nos jornais. Não sei como anda atualmente o “clima” nas docas de Santos.
Mas, os nossos “piratas” não passam de “modestos ladrões” a assaltarem os navios durante as madrugadas a fim de levarem algumas mercadorias dos containeres arrombados na surdina e a fugirem da Polícia em suas lanchas velozes.

Sim porque, Piratas de verdade em início do século XXI, sem dúvida alguma estão longe, na costa nordeste da África, na Somália.
Este País, do tamanho de digamos, Minas Gerais junto com Sergipe, esfacelado por terríveis disputas étnicas, com alto nível de pobreza e como se não bastasse, vitimado pela maldita epidemia da AIDS.
Somália hoje, dividida em quatro bandeiras, é um País sem lei! O povo se vira como pode. Cada um tem de garantir sua existência pelos mais diversos meios e não raro nas armas.
Porém, quero colocar aqui duas explanações muito interessantes captadas de “ Comentários “ de uma matéria sobre Somália que saiu no site do “Público.pt” ; matéria essa que trata dos recentes seqüestros de navios ocorridos nos mares daquela região por Piratas Somalis:

Quem tem fome e está desesperado lança a mão a qualquer coisa.. não tem nada a perder.. (sempre foi assim desde há séculos.. com a revolta dos escravos liderados por Spartacus, ou com as revoluções operárias sob a égide do marxismo-leninismo)... A moderna pirataria está na orla marítima de regiões paupérrimas onde os locais tentam sobreviver todos os dias.. (Somalis, Filipinos, Iemnitas..etc..).. Ao atacarem barcos no alto mar, não olham á nacionalidade ou aos proprietários dos mesmos.. Olham apenas á possibilidade de conseguirem resgate que lhes permite sair do limiar de sobrevivência.. Quem está nesse limiar é sempre um inimigo terrível face aos que estão instalados em sociedades mimadas por afluência de consumo.. (Mais importante que a espessura da muralha é a vontade de a defender ou de a atacar / Tucídides na Antiga Grécia).. A vontade de atacar os barcos no alto mar vai manter-se e continuar..

A Somália é um dos muitos países em vias de desenvolvimento, que desde a década de oitenta recebeu inúmeras despachos de resíduos nucleares e outros resíduos tóxicos provenientes de países desenvolvidos e armazenados ao longo da costa. Somalis têm relatado que cerca de 40% da sua população padece de enfermidades, provavelmente relacionados com esses dejetos. Segundo o relatório do UNEP (United Nations Environment Programme),essas patologias manifestam-se por infecções agudas do trato respiratório, hemorragias intestinais, reações "químicas" atípico da pele e mortes súbitas. A pergunta que deixo é, afinal, o que está por trás dessa pirataria?

Já vou prevenindo aos julgamentos apressados que, não estou aqui apoiando ou justificando o seqüestro de mais de uma dezena de navios ainda em posse dos seqüestradores, nem da prisão de mais de 600 tripulantes!




Contudo, num País em que 10% dos bebês morrem ao nascer e que 25% das crianças não chegam a completar 5 anos de vida ; num País em que sua costa marítima é usada como lixeira de resíduos tóxicos por outros Países , convenhamos, não é de admirar no que se transformou.
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