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domingo, 20 de dezembro de 2009

SOU REVOLTADO??

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A uma certa altura de uma conversa com uma amiga na internet, acabei falando: “Afora um pouco de mais dinheiro que me seria muito bem vindo, não consigo me ver de outra maneira do que sou”.

Tem certas coisas que falamos e que depois, fica aquilo na cabeça, martelando como se nos estivesse avisando de algum exagero ou de uma inverdade dita inconseqüentemente. Ficou martelando na minha cabeça o “...não consigo me ver de outra maneira”. De fato, me expressei mal sem contudo ter a intenção de enganar.

Consigo me ver perfeitamente gozando de uma aposentadoria um pouco mais razoável que a minha, num modesto apartamento perto da praia do Gonzaga, sem contudo deixar de ser o que sou, pensar o que penso da vida ou ver as relações sócio-econômicas e políticas do jeito que vejo.

Ou seja, me recuso a ter uma vida cheia de privilégios, se para tanto eu tiver de perder a visão do mundo que tenho, adquirida desde a tenra infância, entre as pessoas humildes da população.
Não me vejo como um alienado elitista, pertencendo a alguma associação esotérica, seguidor de cômodos preceitos que me conduziriam a uma visão fatalista do mundo e preconceituosa quanto à maioria do povo. Uma visão de que se é tudo assim, porque assim deve ser, quando não cinicamente: “É pobre porque assim deseja sua indolência.”

O elitismo é alienado e até insensível mesmo, por uma questão da sobrevivência da minoria que o compõe. Preceitos filosóficos, religiosos, políticos e econômicos são defendidos na jurisprudência a justificarem o “módus-vivendi” dos pertencentes à elite de um país, sempre contra a grande maioria do Povo.

Costumam justificar seus privilégios com argumentos até cínicos: “Não dá pra cada um dos pobres ter sua mansão”, quando o reenvidicado é tão somente uma moradia mais razoável que o frágil barraco de madeira.
Em cima desse argumento, tudo o mais se justifica em pró de regalias elitistas, muitas, criminosas; conseguidas com recursos monetários oriundos de uma cabala extorsiva, que deveriam estar à disposição das camadas mais pobres da população; os saques ao Erário, (este sustentado com enxurrada de impostos), e outros meios que deveriam ser casos polícia, não fosse o labirinto jurídico a protegerem os “bons” sobrenomes.

E a classe-média flutuando no meio da pirâmide social, com olhos gananciosos voltados para cima e temerosos para baixo. Como se uma existência humilde, inda que digna, fosse um crime!!

A modernidade nos trouxe a Democracia e com ela muitos direitos a qualquer cidadão do mundo, como reza a “Carta dos Direitos Universais do Homem”, adotada por todo país do civilizado mundo ocidental cristão capitalista, mas manteve a antiga Elite, e aprimorou o arcabouço legal de justificativas de sua existência com uma concentração de renda e de privilégios, de fazer inveja aos mais ricos Reis da antiguidade.

E ainda hoje, no início do século XXI, expressiva parcela da humanidade vive como os escravos mais desprezados da antiguidade.

E recuso o astuto argumento da psicologia subserviente: “ Aquele que critica o sucesso alheio é porque gostaria de estar no lugar do outro.”

Aplaudo todo o sucesso que não seja alicerçado no roubo ou na espoliação dos mais necessitados.
Tudo bem se um pai quer dar um carro do ano ao filho só por ele ter entrado na Faculdade, ou se acha no direito de gozar as férias num luxuoso e paradisíaco balneário num outro país, mas desde que isso não seja as custas da perpetuação da miséria de muitos.

Não consigo concordar passivamente, em pleno início do século XXI, que um nababo de um país qualquer, goze de uma farta mesa junto com sua orgulhosa prole, quando milhões em recursos que deveriam estar a serviço de uma população carente do mínimo para sua sobrevivência, são desviados para sua conta bancária!
Que um país já estipule em seu orçamento para o próximo ano, (Um Trilhão) em recursos à sua beligerância em outros países.
E que para tal, ainda tenham a desfaçatez de invocar argumentos “filosóficos, políticos, religiosos ou sócio-psíquicos”, a justificarem tais atitudes.

Ainda que assim caminhe a humanidade, eu não concordo.
E aos que pensam que sou um revoltado, é porque ainda não me viram quando o juiz rouba contra o meu time?

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